Pesquisa personalizada

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Praia e lixo não combinam!


Atualmente, o lixo deixou de ser apenas um problema sanitário em zonas urbanas e tornou-se um dos principais grupos de poluentes em ecossistemas marinhos. Juntamente com outros grupos de poluentes, como petróleo, metais pesados e nutrientes, o lixo tem ameaçado a saúde do ambiente marinho de diversas maneiras.



Os impactos ambientais mais evidentes estão relacionados à morte de animais. Esse problema tem sido considerado tão grave, que já existem registros de ingestão ou enredamento em lixo para a maioria das espécies existentes de mamíferos, aves e tartarugas marinhas. Muitos animais confundem resíduos plásticos com seu alimento natural. Sua ingestão pode causar o bloqueio do trato digestivo e/ou sensação de inanição, matando ou causando sérios problemas à sobrevivência do animal. O enredamento em materiais sintéticos, como resíduos de pesca, também é muito perigoso. Isso tem afetado especialmente populações de animais com hábitos curiosos, como focas e gaivotas, seja no Havaí ou em ilhas sub-antárticas.




Em estudos realizados sobre a quantidade e composição de resíduos flutuantes, em praias, e/ou depositados no leito marinho, os plásticos são os mais freqüentes. Fatores como seu elevado tempo de decomposição, sua abundante utilização pela sociedade moderna e ineficácia ou inexistência de programas de gerenciamento de resíduos sólidos explicam essa constatação. Um tipo de plástico pouco conhecido são as esférulas plásticas, nibs ou pellets. Os nibs possuem poucos milímetros de diâmetro e são matéria prima para a fabricação de produtos plásticos, sendo perdidos em grande quantidade durante seu manuseio e transporte. Na Nova Zelândia, por exemplo, foram verificados depósitos com mais de 100.000 esférulas por metro linear de praia. No Brasil, os nibs já foram observados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia, mas provavelmente ocorrem em todo litoral. Apesar do pequeno tamanho, os nibs causam grande preocupação, visto que inúmeras espécies de aves têm ingerido esse tipo de material e, além do dano físico, os nibs podem ser vetores de poluentes químicos, como agrotóxicos, aderidos em sua superfície externa.




O lixo depositado nas praias brasileiras pode ter sido deixado pelos banhistas, transportado pelos rios que cruzam zonas urbanas ou trazido pelas correntes marinhas. Juntos, os ventos alísios (de nordeste) e o padrão de circulação superficial do oceano Atlântico Sul favorecem o transporte dos resíduos flutuantes jogados no mar pelos navios para as praias brasileiras.

Em área de reprodução de tartarugas marinhas, o impacto se agrava, pois além dos obstáculos naturais, as tartarugas precisam superar o lixo flutuante e aquele depositado na praia para garantir sua sobrevivência.

Além dos danos à vida marinha, o lixo no litoral brasileiro entra em conflito com uma das principais atividades econômicas da região: o turismo. As pesquisas realizadas no Brasil e em outros países mostram que o lixo nas praias também pode causar ferimentos nos banhistas, diminuição das atividades turísticas e danos a embarcações. Por exemplo, na África do Sul, o prejuízo causado pelo lixo ao turismo é da ordem de milhões de dólares; no litoral sul do Brasil foi observado que cerca de 20% dos banhistas já sofreram algum tipo de ferimento associado a lixo em praia; enquanto em algumas regiões dos Estados Unidos o entupimento da entrada de água para a refrigeração do motor com plásticos é a principal causa de danos a embarcações.




O monitoramento da chegada do lixo internacional em cerca de 70 km de praias praticamente desabitadas no litoral norte da Bahia a partir de 2001 registrou embalagens de mais de 60 países. Estados Unidos, Itália e África do Sul são os países com maior número de embalagens. O plástico é o material mais freqüente, seguido por metais. Isso aumenta ainda mais a gravidade do problema, considerando o elevado tempo de decomposição destes materiais. Atualmente o monitoramento é realizado em um trecho de 141,5 km no litoral norte brasileiro.

Outro poluente pouco conhecido que tem sido monitorado são os sinalizadores (lightsticks) utilizados na pesca de espinhel ou por mergulhadores. Esses sinalizadores são uma embalagem de plástico contento líquido oleoso que produz luminosidade por aproximadamente 12 horas. Perdidos ou jogados no mar, os sinalizadores também se acumulam nas praias. Eles têm sido utilizados inconseqüentemente pela população local para acender fogo, como chaveiros, lubrificantes e até mesmo como bronzeadores, óleo para massagens contra dores musculares e para curar micoses, vitiligo e reumatismo! Apesar dos fabricantes afirmarem que seu produto não é tóxico no caso de contato acidental com a pele, o resultado do seu uso sistêmico e contínuo é desconhecido em longo prazo, podendo se tornar um problema de saúde pública se não for devidamente investigado e avaliado.

A solução dos problemas aqui descritos passa essencialmente pelo conhecimento científico das origens e impactos dos poluentes em ambiente marinho, afinal apenas problemas devidamente conhecidos podem ser gerenciados. A expansão de alguns trabalhos de educação ambiental que minimizem este problema e a busca pela diminuição da poluição marinha por resíduos sólidos dependem muito de novas articulações. É preciso que cada um faça a sua parte, por isso, pense bem antes de “esquecer” uma garrafa PET na areia ou “deixar que o vento leve” a embalagem de seu picolé...




Pense bem antes de deixar seu lixo na praia. O mundo conta com você, as tartarugas agradecem e o oceano fica mais feliz.
 
A Equipe ECOPOA agradece e deseja a todos boas férias.



Nenhum comentário:

Postar um comentário