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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Lixo eletrônico


Existe até um nome para esse tipo de sujeira: e-lixo. São os entulhos de computadores velhos abandonados ao ar livre. E haja lixo. São 20 milhões de toneladas de detritos no mundo inteiro, estima reportagem da revista Business Week. Esse acúmulo tende a aumentar. Segundo dados do Greenpeace, em 1997 a vida útil de um computador pessoal era de seis anos - em 2005 era de dois anos. O tempo diminui devido à corrida tecnológica.

Qual é o risco oferecido por essa sujeira? Além do aspecto degradante, as peças possuem substâncias tóxicas, como chumbo, níquel, arsênico e mercúrio, que ameaçam a água, o solo e o ar quando essas máquinas acabam parando em lixões.


As empresas tentam mudar a imagem de poluidoras. A Dell prometeu não utilizar substâncias tóxicas até 2009, além de plantar uma árvore para cada novo computador vendido. HP, Sony, Toshiba e Apple se comprometeram a criar programas de reciclagem.

A substituição das partes não-biodegradáveis por materiais menos poluentes é uma alternativa, mas está longe de ser viabilizada com a tecnologia atual. Isso também elevaria o preço do produto - e nenhum consumidor quer arcar com os custos.


Mas Porto Alegre está contando uma história diferente. Com peças de um e de outro equipamento sem uso, os alunos do Centro de Recuperação de Computadores (CRC) de Porto Alegre colocaram em funcionamento 1700 máquinas em três anos de trabalho, que serão distribuídos em escolas, ONGs e centros de informática, aproximando a tecnologia das pessoas que ainda estão longe dela nesta cidade de 1,5 milhões de habitantes.

A matéria-prima do CRC é o lixo eletrônico descartado pelo governo federal, bancos, empresas e usuários individuais, que trocam seus computadores por outros mais modernos ou não conseguem consertá-los. Antes, computadores, impressoras e acessórios eram jogados em aterros sanitários ou armazenados em depósitos até serem descartados como entulho. Agora, ganham mais um tempo de vida útil, ou são usados como matéria-prima para expressões artísticas.


O projeto faz parte do Programa Brasileiro de Inclusão Digital e é resultado de uma associação entre o Ministério do Planejamento e a Rede Marista de Educação e Solidariedade, parte da congregação católica dos Irmãos Maristas. Centros como o de Porto Alegre foram instalados em Minas Gerais e São Paulo, no sudeste e sul, e no Distrito Federal, centro do país. Como nos demais, o CRC de Porto Alegre fica em um bairro da periferia. Ali, 88 jovens de famílias vulneráveis recebem uma bolsa auxílio para aprender a desmontar, recondicionar, adaptar e montar equipamentos, instalar software livre, programar e configurar computadores.

Quando os materiais não podem ser reaproveitados, o próprio CRC se encarrega de dar um destino apropriado. Embora incipiente, está sendo desenvolvido no Brasil um mercado de empresas que coletam lixo eletrônico, composto sobretudo por placas de informática, telefonia e eletroeletrônicos.

Uma dessas empresas é a Lorene. “Processamos cerca de 200 toneladas de e-lixo por mês’, afirma seu gerente de produção, Eduardo Manuel Ribeiro de Almeida. Desse processo de purificação, emergem metais nobres, como ouro, prata, platina, paládio e cobre, que retornam ao ciclo produtivo, reduzindo a necessidade de extração de minerais da natureza, explica o engenheiro Almeida. O coordenador do CRC, Postingher, com formação em Teologia e pós-graduado em Informática, aponta os desafios futuros. “Em 2008, foram vendidos neste país 12 milhões de computadores. Isto significa que em dois ou três anos será preciso dar-lhes um destino final”, afirmou. Além da adaptação às novas tecnologias, é preciso formar profissionais com uma visão global.

Atento aos debates das tecnologias da informação verde, Postingher recorda que um dos principais problemas dos centros e indústrias da área de informática é economizar eletricidade. Uma possibilidade é contar com um único servidor virtual que administre dez serviços ao mesmo tempo, reduzindo a quantidade de computadores e de energia, afirma. Desta forma, o prejuízo ao meio ambiente é menor. “Esta mudança de mentalidade é difícil, pois todo mundo quer consumir. Os seres humanos devem ser preparados, e isso exige um processo educativo”, concluiu.

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